segunda-feira, 8 de agosto de 2011

" Elogio à Preguiça."


“ Perder o tempo mecânico que escraviza a vida é fundamental para a criação. Nunca se trabalhou tanto quanto hoje e jamais se pensou tão pouco sobre o sentido da imensa dedicação ao trabalho”...
 “ Que belo livro escreveríamos ao contar a vida e as aventuras de uma palavra”.
É isto que pensadores do Brasil e do exterior pretendem: narrar as aventuras da palavra PREGUIÇA ao longo de 80 conferências em 04 estados, passando pela Casa Fiat de Cultura , em BH, a partir do dia 16 próximo.

Por que a preguiça?
A pergunta é na exata proporção da importância de uma atividade esquecida, pois classificada, irrefletidamente, como inatividade. Na exata proporção em que se aceita a preguiça, tão prontamente  indexada entre os pecados capitais (o termo, aqui, em ambos os seus sentidos), ao mesmo tempo em que se marginaliza toda uma linhagem reflexiva que quis dar ao tempo outro sentido (pois, enfim, é disso que se trata) – “tempo” avesso a sentidos, em que o pensamento assume novo tom: o sem finalidades, e, não por isso, menos criador; não, pelo menos, segundo Tales, Sêneca, Platão, Aristóteles, Montaigne, Jean-Jacques Rousseau, Charles Baudelaire, Paul Lafargue, Walter Benjamin, Bertrand Russel, Michel Foucault, T. S. Eliot, Mário Quintana e tantos outros.
Mas, afinal, o que é ser preguiçoso?
O preguiçoso é indolente, improdutivo, nostálgico, melancólico, indiferente, distraído, voluptuoso, incompetente, ineficaz, lento, sonolento, silencioso: ele se deixa levar por devaneios. Por outro lado, sabemos que “para o preguiçoso é preciso ser distraído para viver” e assim são por vezes inspirados a ponto de construírem exímias obras de arte, romances, pinturas, reflexões filosóficas.
 “São os ociosos que mudam o mundo porque os outros não têm tempo algum”. A célebre frase de Albert Camus, escritor e filósofo, dá conta da subversão implícita ao tema – o ócio é produtivo, pois que os que nele vivem são capazes de mudar o mundo! Vem da sua análise uma forma espirituosa de suscitar perguntas: “O que se deve fazer?” Ou: “O que estamos fazendo de nossas vidas; de nossas vidas em sociedade?” Ou ainda: “Deve-se fazer sem pensar o que se faz?”.
Tais inflexões permearão todas as conferências integradas ao Evento, intitulado “Elogio à Preguiça”. Michel de Montaigne, num de seus mais belos livros: Os Ensaios, diz que “(...) a coisa mais importante do mundo é saber pertencer-nos”...
Façamos isso numa preguiça gostosa e produtiva. E defendendo sempre o que acredito sobre a leitura: brindemos à preguiça boa, de preferência com um belo exemplar de uma "deliciosa" leitura!

Por Cláudia Fagundes.
Fontes: Jornal Estado de Minas – 06/08/2011
            Blogspot: elogioapreguiça.com.br

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