A Império Serrano na “apoteose” do Carnaval do Rio de Janeiro, alguns anos atrás, incendiava a Marquês de Sapucaí com o refrão “Bumbum paticumbum prugurundum, o nosso samba minha gente é isso aí, é isso aí... Bumbum...”
Opa, a Império incendiava a Marquês? Rafaela, socorro!!! Ainda ontem, estava tudinho entendido – na sua também “apoteótica” aula de final do curso preparatório pro TJ – metáforas, metonímias, paradoxos, antíteses, eufemismos, hipérboles, ironias, alegorias.
Ah, alegorias! Essas não poderiam faltar de forma alguma – é, você deixou bem claro, desta vez, não se deixaria de lembrá-las, não é Rafaela? Afinal, “é Carnaval, é folia, nesse dia..." é só alegria; é toda a energia que, acumulada e contida por tantos motivos, neste dia pode ser extravasada; é fantasia, muita fantasia, pura fantasia: é alegoria!
Então eu dizia que a Império incendiava a Marquês... É aqui que tento fazer valer os ensinamentos da Mestra e ouso encontrar figuras de linguagem, “nesse fogo todo”. Bom, a Império é a Escola de Samba Império Serrano – uma troca lógica, que pressupõe conhecimento prévio, ou seja, uma metonímia. Quem nesse Brasilzão de meu Deus não gosta de samba e não saberia que Império é nome de uma famosa escola de samba do Rio de Janeiro? Continuando, a Marquês é a (tão famosa quanto a Império Serrano) Avenida Marquês de Sapucaí – outra troca lógica, mais uma metonímia.
Mas a Império incendiava a Marquês? Não, ela não ateou fogo e pôs fim no “maior espetáculo da terra brasilis” - louvado seja Deus e todos os santos dos apaixonados pelo fogo ardente do Carnaval. O que aconteceu foi a construção de uma bela metáfora, no sentido de que a Império deixava todos “inflamados, excitados, afogueados” ao reverenciarem, euforicamente, um verdadeiro espetáculo!
E a tal alegoria? A que me referi lá no início? Não posso deixar de falar dela – a Rafaela ficou muito triste, tão triste que nem dormiu; pois num tal concurso foi a danada que pediram, a própria. Agora ninguém erra mais, nem pensar que alegoria é só enfeite de Carnaval! Como assim? É só voltar, então, ao “calor” do samba-enredo da Império: “En...fei...tei meu coração de confete e serpentina/ Minha mente se fez menina num mundo de recordação/ Abracei a coroa imperial, fiz meu carnaval, /extravasando toda a minha emoção/ Óh, praça onze, tu és imortal, teus braços embalaram o samba,/ a sua apoteose é triunfal...
Queridos blogueses e bloguesas, "carnavalescos do meu coração", tem como eu enfeitar meu coração de confete e serpentina? Minha mente se fazer de menina? Eu abraçar a coroa imperial? A Praça Onze ser imortal e embalar com seus braços o samba??? Só na imaginação, não é? Ou, sendo mais gramatical, isso só é possível no sentido conotativo, figurado, literário, METAFÓRICO! Posso chegar, enfim, no conceito de alegoria: são muitas metáforas juntas, num contexto só, numa mesma informação – que, neste caso, é a parte do samba que acabei de “cantar” – Isso é ALEGORIA!
Caríssima Rafaela, será que entendi o que você quis passar? Se for perto disso, fico feliz e sigo “cantando” porque Português pra mim é uma festa só, e é tão encantador quanto o Carnaval o é para o maior “amante do samba no pé”.
Agradeço muito por contribuir para o meu processo de “aprendiz-feliz da norma culta”... Agora, deixa eu seguir que “é carnaval, é folia, neste dia ninguém chora...” Chorar, por quê? São 05 dias de “folia” garantida - com os livros é claro, pois o objetivo é o TJ! O destino? Esse a Deus pertence e “quem sabe faz a hora”... Ops, se o tema era Carnaval, não poderia terminar com Vandré. Fica aqui o início do próximo... Até!!!
Cláudia Fagundes.