terça-feira, 17 de abril de 2012

"Semana do Quintana!"... Uma homenagem ao célebre autor de "O Aprendiz de Feiticeiro" e tantos outros, que nos deixam a saudade da sua arte.

" Olho em redor do bar em que escrevo estas linhas.
Aquele homem ali no balcão, caninha após caninha,
nem desconfia que se acha conosco desde o início
das eras. Pensa que está somente afogando problemas
dele, João Silva... Ele está é bebendo a milenar
inquietação do mundo!"
  

Eu, eu mesma, Claudinha, quase Silva também, fico imaginando a cena acima e, "mundo de fantasia", coisa de poetiza, passo a me adentrar no cenário e fazer parte do enredo... Talvez sentada numa mesa mais "escondidinha" do bar, tomando um cafezinho com pão de queijo, que com certeza não é aquele genuíno, de mineiro mesmo, dada a presença em outra mesa do ilustre Mário - aquele dos poemas; é o famoso, o Quintana mesmo! - por certo que o bar é gaúcho como o referido poeta. Fico olhando admirada o autor "na hora da criação", lança olhares e, simultaneamente, tece frases, ordena palavras ou concatena ideias, conclui ou desconversa, deixa a conclusão pra quem possa interessar a prosa... E, muito curiosa, depois do terceiro café (o pão de queijo vai ficar pra próxima), ouso interromper o gênio: "O senhor me permite pedir um autógrafo? Sou uma apaixonada pela suas obras"...e..."João Silva"... "Não; não, me desculpe, pensei que fosse o Mário, o Quintana..." "Sou eu, sim senhora. Só estou finalizando uns rabiscos, esteja à vontade... "O João, é aquele ali, tentando afogar as tristezas da vida em mais uma dose de caninha."..."Ah, entendi, que susto!"..."Desculpas mil, então, tão inoportuna eu, interromper um gênio no momento da criação!"... "Sente-se aí, percebi que não comeu o pão de queijo... Garçom traga aquele "joelho de moça", caprichado pra senhora aqui."... "Quase não acreditei, queria me beliscar, mas me controlei e indaguei-lhe se conhecia o tal João(?)"... "Esse aí, exatamente, não. Conheço todos os outros, que, como ele, se debruçam nos balcões do bares "a tragar" tudo que a vida não lhes permite realizar, em qualquer outro lugar que seja."... Fico ali, por alguns minutos calada, meio sem jeito, desarmada - tamanha cultura ali do meu lado, sou privilegiada, "meu Deus, preciso falar algo que tenha sentido, me ajuda meu Pai...". "De repente penso em voz alta: "Eu e minha inquietação!" E ele, o poeta deduz: "É isso, minha senhora! E escreve esboçando um sorriso de satisfação:  "Ele está é bebendo a milenar inquietação do mundo!"
 Feito final, subscreve, dizendo estar ali o autógrafo que eu pedira e me dando de presente o escrito todo - que ele já o transcrevera cópia noutro pedaço de papel - "Garçom, põe tudo na minha conta, por favor!"... e se despede, cordial; eu permaneço atônita, falando baixinho pra mim mesma: "ninguém nunca vai acreditar se eu contar"... e observo o João que diz palavras soltas, perdidas num discurso eterno sobre o mundo.

                                                                                                         (Continua no Post de amanhã...)

0 comentários:

Postar um comentário