sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Sexta, mais profética, menos poética...

“Normose”

O ser humano está sofrendo de uma nova doença - “Normose”- a doença de “ser normal”. Todo mundo quer se enquadrar em algum padrão, só que os padrões propagados, e que estão em voga, não são assim exatamente fáceis de se alcançar.

O sujeito “normal” é magro, alegre, belo, sociável e bem sucedido. Bebe socialmente, está de bem com a vida, não pode parecer de forma alguma que está passando por algum problema, tem um ótimo emprego e tem comportamento exemplar, em qualquer tempo e lugar.

Quem não se “normaliza”, ou seja, não se encaixa nesses padrões, acaba adoecendo! A angústia de não ser o que os outros esperam de você gera depressões, bulimias, síndromes do pânico, fobias sociais e outras manifestações – menores ou maiores – de não enquadramento.

A pergunta que faço é: “Quem espera o quê de nós? “
Quem são esses ditadores de comportamento a quem estamos outorgando tanto poder sobre nossas vidas? Na verdade, eles não existem! Nenhum João, José ou Maria bate à sua porta, exigindo que você seja “assim ou assado”.
Quem nos exige é uma coletividade abstrata que ganha “força” através de modelos de comportamento amplamente divulgados. Só que não existe lei que nos obrigue a ser do mesmo jeito que TODOS, seja lá quem for TODOS.

O melhor, acredito, é se preocupar em ser VOCÊ MESMO e não se sucumbir à “normose”-  ela não é brincadeira! A “nova doença” estimula a inveja, a auto-depreciação, a insatisfação e a ânsia de querer o que não se precisa...
Afinal, você precisa de quantos pares de sapato? Comparecer em quantas festas por mês? Pesar quantos quilos até o verão chegar? Certamente não é necessário fazer curso de nada para aprender a se desapegar de exigências fictícias ou supérfluas; um pouco de auto-estima basta.

Pense nas pessoas que você mais admira. Você vai perceber que não são as que seguem todas as regras,“bovinamente”, mas, sim, aquelas que desenvolveram personalidade própria e amadureceram, arcando com os riscos de viver uma vida autêntica, a seu modo. Criaram o seu “normal”e  jogaram  fora a fórmula – não patentearam, não passaram adiante – porque, simplesmente, não é preciso viver de fórmula!

O “normal” de cada um tem que ser original. Não adianta querer tomar para si as ilusões e desejos dos outros. Isso é fraude e uma vida fraudulenta faz sofrer demais... Eu tenho me simpatizado cada vez mais com gente que luta para superar obstáculos mentais e emocionais, e para viver de forma mais simples e sincera! Para mim, estes são os verdadeiros “normais”, porque não conseguem sustentar “máscaras”ou simular situações: se parecem sofrer é porque estão sofrendo, de verdade, e se estão sorrindo, é porque a alma lhes foi iluminada.

Ser feliz é ser você mesmo, sofrendo ou sorrindo! O que eu diria de freqüentar um terapeuta ou psicólogo? Excelente ideia. Enquanto você se expõe, na medida em que busca “elaborar”ou “digerir” melhor todas as questões  advindas dos reveses, ou surpresas da vida, tanto melhor que essa exposição seja feita no lugar certo, e com alguém que se especializou exatamente em “ouvir” e “aconselhar”... De uma coisa eu tenho certeza: você estaria se protegendo e fortalecendo mais, dando um chega pra lá à “normose”!
                                                                                              Por Cau Fagundes

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