quarta-feira, 12 de outubro de 2011

" Curiosidades etimológicas "

Etimologia é o estudo da origem das palavras. É um assunto sempre interessante e ao mesmo tempo polêmico. Frequentemente, a versão sobre a origem de uma palavra ou de uma expressão é desmentida ou contestada.
O caso mais famoso é o da palavra FORRÓ. Para alguns, é corruptela da expressão inglesa for all (= para todos); para a maioria, entretanto, é uma redução de FORROBODÓ (= festança). Embora a primeira versão faça mais sucesso em sala de aula, a verdadeira é a segunda. Além de ser a tese que encontramos no conceituado “Dicionário do folclore brasileiro” de Câmara Cascudo, é o que está registrado nos dicionários Aurélio, Michaelis, etc.
Apesar das discussões, acho um assunto muito legal. Vamos, então, a alguns casos curiosos.
Ø Você sabia que alguns substantivos comuns vêm de antropônimos? (=nomes de pessoa):
ABREUGRAFIA = método inventado pelo cientista brasileiro Manuel de Abreu, para registrar fotograficamente a imagem obtida na radioscopia. É usado no diagnóstico da tuberculose e de outras doenças pulmonares. A palavra ABREUGRAFIA, portanto, é formada por ABREU (=sobrenome do médico) e GRAFIA (=raiz de origem grega que significa “escrita, descrição”).
DALTONISMO = vem do sobrenome de John Dalton, químico e físico inglês, que descobriu o problema visual: a incapacidade de distinguir cores,  principalmente o verde e o vermelho. O curioso é que o próprio cientista era daltônico. Sua descoberta é fruto da observação de si mesmo.
SANDUÍCHE = vem do inglês Sandwich, mais precisamente do conde de Sandwich, nobre inglês que amava jogar e comer. Para não abandonar a mesa de jogo, o conde levava seus “lanchinhos”, provavelmente fatias de pão intercaladas com presunto, queijo, carne…
PINEL = vem do sobrenome do médico Philippe Pinel. PINEL se tornou o nome de um hospital psiquiátrico no Rio de Janeiro e, hoje, é sinônimo de “louco, maluco, adoidado, desequilibrado mental”.
LARÁPIO = vem da assinatura de um corrupto pretor romano L.A.R. Appius (Lucius Antonius Rufus Appius), que vendia sentenças favoráveis a quem pagava mais. LARÁPIO, portanto, vem de larapius e hoje é sinônimo de “ladrão”.
JULHO = vem do latim Julius. É uma homenagem ao imperador romano Caius Julius Caesar.
Ø Vamos analisar aqui mais algumas curiosidades semânticas. Embora seja um assunto polêmico, é sempre interessante observar, por exemplo, a transformação das palavras.
Já li certa vez, um professor defendendo o uso da palavra MEDÍOCRE no sentido de “estar na média”, ou seja, devido à sua origem, “um desempenho medíocreseria um “desempenho médio, dentro da média”.
Discordo, porque a palavra MEDÍOCRE apresenta uma carga negativa, pejorativa. Um “desempenho medíocre” é um “desempenho abaixo da média, fraco, ridículo”.
Não quero mostrar aqui um caso de desrespeito à etimologia, ao sentido original das palavras. Só acho que devemos estar atentos às transformações. Além da significação etimológica, há aquela do dia a dia. O sentido das palavras e expressões, muitas vezes, é definido pelo uso cotidiano. Isso pode provocar ambiguidades (=duplo sentido) ou até o uso de palavras com significado oposto ao original.
Outro exemplo interessante é o caso da palavra FORMIDÁVEL. A sua raiz latina significa “medo, terror, pavor”. Assim sendo, “um dia formidável” seria um dia “terrível, pavoroso”. Claro que ningém dá essa interpretação. Hoje, sem dúvida, “um dia FORMIDÁVEL” é um dia “maravilhoso”. Temos aqui um exemplo de palavra que perdeu o seu sentido original e hoje apresenta um significado quase oposto.
Ø Aproveitando o assunto, tenho cinco perguntinhas. Você não precisa responder. Basta pensar sobre o assunto.
1) Você está recebendo o seu SALÁRIO em sal?
2) A sua SECRETÁRIA é do tipo que guarda segredos?
3) Se o estudante é quem estuda, que faz um TRATANTE?
4) O seu RIVAL vive nas margens de que rio?
5) Você já viu algum FAMIGERADO de boa fama?
Por fim, quero deixar aqui um abraço CORDIAL. Você sabia que um abraço CORDIAL é “um abraço DE CORAÇÃO”? Vem do latim. Daí o famoso “saber de cor“, ou seja, “saber de coração”, e não “de cabeça”. Cabeça, em latim, era caput, por isso DECAPITAR, CAPUZ, CAPITAL, CAPITÃO… E é bom lembrar que cardio de CARDIOLOGIA também significa coração, mas vem do grego.
Bom, agora, estou indo EMBORA. Só não sei se estou indo EM BOA HORA...
Em tempo: Dedico esta postagem à minha seguidora fiel e amiga querida, Aninha: que você possa descomplicar um pouco a questão da "origem das palavras". Beijos!!! 

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