domingo, 9 de outubro de 2011

" Domingo = Substantivo Abstrato "

Domingo, 09 de outubro...
Primeiro dia de mais uma semana, e esta semana pra mim tem um gostinho especial... Falo disso mais adiante um pouquinho; quero mesmo é falar agora do “Domingo”! Quer um dia mais ABSTRATO???
Pensa bem: Segunda chega dói de tão real; Terça é que nem terço, bem marcado, conta por conta, impossível perder o rumo; Quarta é o meio, separa os dois lados da semana, é como “bandeirada de grande prêmio”, marca o início e a chegada, não tem erro; Quinta é aquele dia que diz: “amanhã é sexta!”, dia bacana demais; Sexta é uma mistura de: “nossa, se hoje não fosse sexta não sei o que seria de mim” com: “êta coisa boa, melhor que sexta só outra sexta!”; Sábado é a comemoração do que se esperou a semana inteira, é CONCRETO + AÇÃO = CONCRETIZAÇÃO! Aí tudo acontece: celebra-se a vida no sábado; tem programa sobrando pro sábado; tudo é festa no sábado...
E aí vem o tal do DOMINGO! E com ele a ressaca - moral ou literal -, o tédio, a sensação de falta de alguma coisa, ou será que é de coisa demais? Cansaço, irritação, sonolência, agitação, angústia, vazio, ABSTRAÇÃO! Percebeu a quantidade de SUBSTANTIVOS ABSTRATOS? Não???

Boa idéia, então! Vamos deixar o “Domingo” e suas abstrações de lado, e falar dos SUBSTANTIVOS ABSTRATOS!

Na verdade, todo mundo um dia estudou a diferença entre substantivos concretos e substantivos abstratos, embora nem sempre essa diferença tenha ficado clara. Acontece que, de modo genérico, os professores de português ensinam ( foi assim que aprendi e vejo meus filhos aprendendo também) que substantivo concreto é aquele "que se pode pegar" e que substantivo abstrato é aquele "que não se pode pegar".  Isso não é, de modo algum, preciso.

Substantivos concretos designam os seres de existência independente, reais ou imaginários. Os substantivos abstratos são aqueles que dão nome  a estados, qualidades, sentimentos ou ações. O ato de quebrar é "quebra". O ato de participar é "participação". O ato de vender é "venda", e assim por diante. Todos esses substantivos são abstratos. Como diz Gilberto Gil na música "Rebento":

Rebento, substantivo abstrato...

Por que abstrato? Porque "rebento" é o ato de rebentar. Nomes de sentimento, como "amor", de estado, como "gravidez", e de qualidade, como "inteligência", também são substantivos abstratos.
Outra polêmica é quanto ao plural dos substantivos abstratos: existe o plural dessas palavras?

Cada caso é um caso. Você faria o plural de "raiva", por exemplo? Ou de "inveja"? São palavras que soam esquisitas no plural, mas isso não estabelece uma regra. Vejamos um exemplo com a palavra "ciúme". Observe a letra da canção "Olhos nos olhos", gravada por Maria Bethânia:

...Quando você me deixou,
meu bem,
me disse pra eu ser feliz
e passar bem.
Quis morrer de ciúme,
quase enlouqueci
mas depois, como era 
de costume, obedeci...


Você notou, a certa altura, o verso "quis morrer de ciúme". Muitas pessoas dizem "ciúmes". Não há nada errado com essa forma, mas é preciso escolher: dizemos ou "o ciúme" ou "os ciúmes". Nunca "o ciúmes". Na verdade, a forma singular - "o ciúme" - é preferencial, já que em tese o substantivo abstrato não se pluraliza, ao menos na maioria dos casos. Vejamos outro caso, agora tomando como exemplo a canção "Você pra mim", gravada por Fernanda Abreu:

Às vezes passo dias inteiros
imaginando e pensando em você
e eu fico com tantas saudades
que até parece que eu posso morrer.
Pode acreditar em mim.
Você me olha, eu digo sim...


A exemplo do que acontece com "ciúme", não são poucas as pessoas que dizem "estou com uma saudades de você". Ora, é necessário sempre concordar o substantivo com seu determinante. Se o substantivo vai para o plural, o pronome ou o artigo devem ir também.

Fácil não é? Claro que sim! Na verdade, ao meu ver, o que não é fácil é ter de encarar o tal Domingo...

 Beijos!!!
Cau Fagundes.

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